Friaça morre no interior do Rio
Ex-jogador do Vasco e da seleção brasileira estava internado há 45 dias
O corpo de Friaça será velado na Câmara Municipal de Porciúncula, sua cidade-natal que fica na divisa do Rio de Janeiro com Minas Gerais, e onde era uma verdadeira celebridade. O prefeito Antonio Jogaib decretou três dias de luto no município.
Maracanazo
Friaça fez parte de um dos episódios mais tristes da história do futebol brasileiro: a derrota para o Uruguai, por 2 a 1, na final da Copa de 1950, diante do Maracanã lotado. O atacante cumpriu sua função e abriu o placar para a seleção, mas o time sofreu a virada e, assim como seus companheiros, ele, que poderia ter sido o herói do título, virou vilão. Dos jogadores que estiveram em campo no episódio que ficou conhecido como Maracanazo, o zagueiro Juvenal é o único que está vivo agora.
Em outubro de 2007, o GLOBOESPORTE.COM esteve em Porciúncula para conversar com o artilheiro, que tinha acabado de sofrer um AVC (acidente vascular cerebral), não enxergava do olho direito e pouco pôde falar, mas a idolatria e o carinho do povo de Porciúncula ficaram bem explícitos. Lá, ninguém o culpava pela derrota em 50. O seu filho Ronaldo chegou a dizer que “se o Brasil tivesse sido campeão, a estátua no Maracanã poderia ser do meu pai.”
Confira as matérias especiais sobre Friaça feitas em outubro de 2007:
Friaça: quase herói em paz no interior do Rio
'Estátua no Maracanã poderia ser do Friaça'
Amigo ajuda a preservar história de Friaça
Expresso da Vitória
Antes da criação da Taça Libertadores, o Expresso da Vitória do Vasco conquistou a América e foi campeão sul-americano em 1948. O único titular daquele time ainda vivo era Friaça, que participou de todos os jogos daquela conquista histórica.
Em um dos jogos mais difíceis daquele título, contra o Colo Colo, do Chile, Friaça fez o gol de empate. Jogando contra o anfitrião e com a pressão de mais de 50 mil torcedores, o ex-atacante marcou de cabeça o gol que garantiu a ida do Vasco para o jogo decisivo com o River Plate, da Argentina, na última rodada, como líder da competição disputada por pontos corridos.
Em Porciúncula, o craque dá nome ao estádio municipal e também à maior loja da cidade: a Friaça Center. Inicialmente, ele abriu um pequeno estabelecimento comercial para vender material de construção, mas o seu filho transformou a lojinha na maior do município e abriu filiais em Campos e Itaperuna.
Friaça deixa a mulher Maria Helena e os filhos Ronaldo, Rogério e Maria Inês, além de netos. O ex-jogador tinha ainda outro filho: Ricardo, que faleceu em 1992, aos 33 anos, por conta de um acidente de voo livre.
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