quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Tricolor do Morumbi_Net! mostra quartel general de Muricy

treinador tem uma sala no estádio, por onde passa após todas partidas

Muricy sorri no seu QG, mas já passou muito stress no local Foto: Eduardo Viana

Muricy sorri no seu QG, mas já passou muito stress no local Foto: Eduardo Viana

LANCEPRESS!

Fim de jogo do São Paulo no Morumbi: faça chuva ou faça sol, calor ou frio, vitória ou derrota, Muricy Ramalho segue o mesmo ritual até chegar a sua salinha, ao lado do espaço onde os jogadores fazem o aquecimento. O cantinho do treinador é sagrado. O LANCENET! teve acesso ao local onde o tricampeão brasileiro fica assim que as partidas acabam. Quarta-feira à noite, depois de comandar a equipe contra o Ituano – estreia do Paulistão, 19h30 –, o técnico vai reencontrar o seu espaço.

foto A salinha de Muricy Ramalho


Assim que deixa o gramado, Muricy vai ao vestiário onde ficam os jogadores e cumprimenta um a um, sem exceção, não importa qual tenha sido o placar do jogo. Se seus comandados estão fazendo alguma reza, o técnico espera. Ele não participa desse momento com o time.

– Sou católico, tenho a minha fé, mas eu não participo dessas coisas com os jogadores – explica o técnico.

Até chegar à sala, que também é seu vestiário – possui um banheiro privativo –, Muricy não conversa com mais ninguém. Entra no local, fecha a porta e logo um segurança se posta em frente à porta, impedindo a entrada de qualquer pessoa, seja conselheiro, jogador ou até mesmo o presidente Juvenal Juvêncio.

– Ele nunca veio – relembra.

Já dentro da sala, Muricy segue seu ritual. Toma banho, respira, tenta se acalmar após a adrenalina do jogo – um ventilador o ajuda – e liga a televisão que fica na parede em frente à mesa. Ele adora rever os lances do jogo do São Paulo que acabou de acontecer, ou assistir ao próximo jogo que está sendo transmitido. Os jornalistas detestam esse hábito do treinador, que faz com que ele costume demorar quase uma hora para conceder a sua entrevista coletiva.

Depois disso, Muricy pega o telefone fixo, que fica no canto direito da mesa – celular quase não funciona no local, pois o sinal é ruim –, e telefona para sua casa para conversar com a esposa Roseli. O técnico não sai dali enquanto não fala com ela.

– Minha esposa não assiste aos jogos porque fica muito nervosa. Então, sempre que acabam, eu ligo pra ela. Enquanto não falo com ela, não subo para dar entrevistas. Depois que ganhamos do Goiás (jogo do hexa nacional, no ano passado), por exemplo, falei com ela no saguão do estádio e ela estava na estrada voltando do nosso sítio – explicou.

O local é tão privativo que pouquíssimas pessoas têm acesso livre a ele. Somente os auxiliares Milton Cruz e Tata, o preparador físico Carlinhos Neves e os assessores de imprensa Juca Pacheco e Felipe Espindola podem entrar para conversar e ouvir desabafos do treinador.

O dia em que Juvenal garantiu Muricy

Por causa de todo o ritual que tem após os jogos, Muricy Ramalho costuma dar canseira na imprensa após as partidas do Sampa no Morumbi. O técnico já chegou a ficar mais de uma hora em sua salinha após o jogo terminar. Seu recorde até hoje foi depois da derrota para o Atlético-MG (1 a 0), no Morumbi, em 2007, pelo primeiro turno do Brasileirão. Foram quase 90 minutos dentro do local, que ferveu.

No caminho do campo até sua sala, o comandante ouviu um dirigente pedindo para uma outra pessoa o telefone do técnico Abel Braga, que na época estava fora do país. Muricy ficou furioso. Só se acalmou depois que pegou o telefone celular, que não costuma funcionar no local, mas pegou na ocasião, e conversou com o presidente Juvenal Juvêncio.

– Ele ainda demorou para atender. Mas eu falei: ‘Se o senhor não me quiser mais aqui, eu subo na entrevista agora e aviso que estou saindo do São Paulo. Aí ele respondeu: ‘Quem manda aqui sou eu, e você fica!’ Só depois que ouvi aquilo eu me acalmei – lembrou o comandante.

Depois de tudo isso, o técnico ainda subiu até a sala de imprensa no Morumbi e atendeu aos jornalistas, que aguardavam a uma hora e meia. Eram quase 22h de um sábado. Resultado: o Sampa conquistou naquele ano o quinto título nacional e teve uma arrancada brilhante após a derrota sobre o Fluminense em casa.

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